Financeirização Corporativa no Brasil: Os "Big Three" como Blockholders e a Propriedade Horizontal
PDF (English)

Palavras-chave

Financeirização
investidores institucionais
"Big Three"
propriedade horizontal
economia brasileira

Como Citar

Vicente Gonçalves da Cruz, W., & Sacomano Neto, M. (2024). Financeirização Corporativa no Brasil: Os "Big Three" como Blockholders e a Propriedade Horizontal. RBGN - Revista Brasileira De Gestão De Negócios, 26(03). https://doi.org/10.7819/rbgn.v26i03.4273

Resumo

Objetivo – O investimento institucional cresceu a uma taxa sem precedentes nas últimas décadas. Três grandes empresas dominam essa indústria mundialmente: BlackRock, Vanguard Group e State Street, ou os "Big Three". Esse estudo investiga a estratégia desses investidores como blockholders na propriedade de empresas que operam na economia brasileira sob a perspectiva da teoria dos campos de ação estratégica.

Referencial Teórico – O crescimento de investidores institucionais internacionais como acionistas das grandes corporações é associado ao fortalecimento da financeirização. A teoria dos campos de ação estratégica permite a compreensão de relações de conflito e cooperação entre atores em contextos econômicos e empresariais, como também compreende as mudanças nesses espaços.

 Metodologia – Este estudo propõe uma análise exploratória e descritiva utilizando uma amostra composta por 200 grandes empresas em atuação no Brasil. Também foram calculadas medidas de correlação de Pearson e Análise de Correspondência Múltipla (ACM) para entender as relações entre variáveis ​​de participação acionária e investimentos em setores de atividade.

Resultados - Esses investidores institucionais estão presentes na maioria das posições acionárias e os resultados sugerem investimentos de propriedade horizontal no portfólio dos "Big Three" no Brasil. Seus portfólios de investimentos são focados em indústrias e segmentos com alto valor econômico por meio da propriedade horizontal.

Implicações Práticas e Sociais da Pesquisa – As ações desses três grandes investidores afetam aspectos de governança corporativa e influenciam a economia como um todo.

 Contribuições – A partir de uma tendência global, esse artigo apresenta uma análise pouco explorada dos investimentos dos "Big Three" como acionistas em empresas que atuam no Brasil. Esse trabalho aborda também a intensificação da financeirização e seus vínculos com o crescimento de investidores institucionais como acionistas em grandes corporações.

https://doi.org/10.7819/rbgn.v26i03.4273
PDF (English)

Referências

Aalbers, M.B. (2019). Financialization. In: D. Richardson, N. Castree, M.F. Goodchild, A.L. Kobayashi and R. Marston (Eds). The International Encyclopedia of Geography: People, the Earth, Environment, and Technology. Oxford: Wiley

Abdi, H., & Béra, M. (2014). Correspondence Analysis.

B3. (2022). Bolsa de valores brasileira B3. Available at: https://www.b3.com.br/pt_br/

Barman, E. (2016). Varieties of Field Theory and the Sociology of the Nonprofit Sector. Sociology Compass, 10(6), 442-458

Bebchuk, L. A., & Hirst, S. (2019). The specter of the giant three (No. w25914). National Bureau of Economic Research

Ben-David, I., Franzoni, F., & Moussawi, R. (2016). Exchange traded funds (ETFs) (No. w22829). National Bureau of Economic Research

Bonizzi, B. (2013). Capital flows to emerging markets: institutional investors and the post-crisis environment. In 17th FMM conference of the research network macroeconomics and macroeconomic policies, Berlin

Bourdieu, P. (1986). The forms of capital. In J.G. Richardson (Ed.), Handbook of theory and research for the sociology of education (pp. 241-258). New York: Greenwood.

Bourdieu, P. (1990). In other words: Essays toward a reflexive sociology. Stanford University Press.

Bourdieu, P. (1998). The state nobility: Elite schools in the field of power. Stanford University Press.

Bourdieu, P. (1999). Scattered remarks. European Journal of Social Theory, 2(3), 334-340.

Bourdieu, P. (2005). The social structures of the economy. Polity.

Braun, B., & Christophers, B. (2024). Asset manager capitalism: An introduction to its political economy and economic geography. Environment and Planning A: Economy and Space, 56(2), 546-557. https://doi.org/10.1177/0308518X241227743

Bruno, M., & Caffe, R. (2017). Estado e financeirização no Brasil: interdependências macroeconômicas e limites estruturais ao desenvolvimento. Economia e Sociedade, 26(SPE), 1025-1062

Bruno, M., Diawara, H., Araújo, E., Reis, A. C., & Rubens, M. (2011). Finance Led Growth Regime no Brasil: estatuto teórico, evidências empíricas e consequências macroeconômicas. Brazilian Journal of Political Economy, 31, 730-750.

Caixe, D. F., & Krauter, E. (2013). A influência da estrutura de propriedade e controle sobre o valor de mercado corporativo no Brasil. Revista Contabilidade & Finanças, 24, 142-153.

Converse, N., Levy-Yeyati, E. L., & Williams, T. (2020). How ETFs amplify the global financial cycle in emerging markets. FRB International Finance Discussion Paper, (1268)

Cremers, M., Ferreira, M. A., Matos, P., & Starks, L. (2016). Indexing and active fund management: International evidence. Journal of Financial Economics, 120(3), 539-560.

Cruz, W. V. G., Neto, M. S., & Ribeiro, E. M. S. (2023). Corporate ownership network: The hierarchical capitalism in the Brazilian context. RAE - Revista de Administraçao de Empresas , [S. l.], v. 63, n. 2, p. e2021–0684, 2023. DOI: 10.1590/S0034-759020230202. Available at: https://periodicos.fgv.br/rae/article/view/89001. Accessed on: May 27, 2024.

Davis, G. F. (2008). A new finance capitalism? Mutual funds and ownership reconcentration in the United States. European Management Review, 5(1), 11-21.

Davis, G. F., & Kim, S. (2015). Financialization of the economy. Annual Review of Sociology, 41, 203-221.

Dowbor, L. (2018). A era do capital improdutivo: nova arquitetura do poder-dominação financeira, sequestro da democracia e destruição do planeta. Editora Autonomía Literária ltda-me.

Edmans, A. (2014). Blockholders and corporate governance. Annu. Rev. Financ. Econ., 6(1), 23-50.

Edmans, A., & Holderness, C. G. (2017). Blockholders: A survey of theory and evidence. The handbook of the economics of corporate governance, 1, 541-636.

Elhauge, E. (2015). Horizontal shareholding. Harv. L. Rev., 129, 1267.

Ellersgaard, C. H., Larsen, A. G., & Munk, M. D. (2013). A very economic elite: The case of the Danish top CEOs. Sociology, 47(6), 1051-1071.

Epstein, G. A. (2005). Financialization and the world economy. Edward Elgar Publishing.

Fichtner, J. (2020). The rise of institutional investors. The Routledge international handbook of financialization, 265-275

Fichtner, J., & Heemskerk, E. M. (2020). The new permanent universal owners: Index funds, patient capital, and the distinction between feeble and forceful stewardship. Economy and Society, 49(4), 493-515.

Fichtner, J., Heemskerk, E. M. and Garcia-Bernardo, J., (2017). Hidden power of the Big Three? Passive index funds, re-concentration of corporate ownership, and new financial risk. Business and Politics, 19(2): pp. 298–326

Fligstein, N. (2007). Habilidade social e a teoria dos campos. Revista de Administração de Empresas, 47, 61-80.

Fligstein, N., & Goldstein, A. (2022). The Legacy of Shareholder Value Capitalism. Annual Review of Sociology, 48

Fligstein, N., & McAdam, D. (2012). A theory of fields. Oxford University Press.

Fligstein, N., & Shin, T. J. (2007). ‘Shareholder Value and the Transformation of American Industries, 1984–2001. Department of Sociology, University of Berkeley, September

Freedman, L. (2018). Does strategic studies have a future. Strategy in the contemporary world 6th edition, 404-420.

Gennari, A. M. (2002). Globalização, neoliberalismo e abertura econômica no Brasil nos anos 90. Pesquisa & Debate Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política, 13(1 (21)).

Griffin, C. N. (2020). Margins: Estimating the influence of the Big Three on shareholder proposals. SMU L. Rev., 73, 409

Harvey, C., Yang, R., Mueller, F., & Maclean, M. (2020). Bourdieu, strategy and the field of power. Critical Perspectives on Accounting, 73, 102199.

Husu, H. M. (2022). Rethinking incumbency: Utilising Bourdieu's field, capital, and habitus to explain energy transitions. Energy Research & Social Science, 93, 102825.

Kahan, M., & Rock, E. B. (2020). Index funds and corporate governance: Let shareholders be shareholders. BUL Rev., 100, 1771

Kaltenbrunner, A., & Painceira, J. P. (2018). Subordinated financial integration and financialisation in emerging capitalist economies: The Brazilian experience. New political economy, 23(3), 290-313.

Kay, J. (2016). Other People's Money: Masters of the Universe or Servants to the People? London: Profile Books

Kluttz, D. N., & Fligstein, N. (2016). Varieties of sociological field theory. Handbook of contemporary sociological theory, 185-204

Konijn, S. J., Kräussl, R., & Lucas, A. (2011). Blockholder dispersion and firm value. Journal of Corporate Finance, 17(5), 1330-1339

Lavinas, L., Araújo, E., & Bruno, M. (2017). Brasil: vanguarda da financeirização entre os emergentes. Uma análise exploratória. Rio de Janeiro

Lazonick, W. & O’Sullivan, M., (2000). Maximizing Shareholder Value. A New Ideology for Corporate Governance. Economy and Society, 29(1), pp. 13–35

Lazonick, W. (2017). The new normal is “maximizing shareholder value”: Predatory value extraction, slowing productivity, and the vanishing American middle class. International Journal of Political Economy, 46(4), 217-226

Lê, S., Josse, J., & Husson, F. (2008). FactoMineR: an R package for multivariate analysis. Journal of statistical software, 25, 1-18.

Marconi, M. D. A., & Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas

MarketScreener. (2022). MarketScreener. Available at: https://www.marketscreener.com

Miranda, B. P. J., Crocco, M. A., & Santos, F. B. (2017). Financeirização e governança corporativa: Um estudo sobre a estrutura de controle das empresas não-financeiras do Novo Mercado da BM&FBovespa. Brazilian Keynesian Review, 3(1), 75-94.

Morettin, P. A., & Bussab, W. O. (2010). Estatística básica. 6 ed. Saraiva Educação AS

Navarro, Z. (2006). In search of a cultural interpretation of power: The contribution of

Pierre Bourdieu. IDS bulletin, 37(6), 11-22.

Nenadic O., & Greenacre, M. (2007). “Correspondence Analysis in R, with two- and three-dimensional graphics: The ca package.” Journal of Statistical Software, 20(3), 1-13. http://www.jstatsoft.org.

Neto, M. S., do Carmo, M. J., Ribeiro, E. M. S., & Cruz, W. V. G. (2020). Corporate ownership network in the automobile industry: Owners, shareholders and passive investment funds. Research in Globalization, 2, 100016.

Platt, A. I. (2019). Index Fund Enforcement. UC Davis L. Rev., 53, 1453

R Project. (2024). The R Project for Statistical Computing. Available at: https://www.r-project.org/

Rajasekar, D., & Verma, R. (2013). Research methodology. Archers & Elevators Publishing House.

Rodrigues, C. H. L., & Jurgenfeld, V. F. (2019). Desnacionalização e financeirização: um estudo sobre as privatizações brasileiras (de Collor ao primeiro governo FHC). Economia e Sociedade, 28, 393-420

Sawyer, M. (2013). What is financialization? International journal of political economy, 42(4), 5-18.

Sedgwick, P. (2012). Pearson’s correlation coefficient. BMJ, 345.

Thiry-Cherques, H. R. (2006). Pierre Bourdieu: a teoria na prática. Revista de Administração Pública, 40, 27-53.

Useem, M. (1999). Investor capitalism: How money managers are changing the face of corporate America: Basic Books

Valor Econômico. (2020). Jornal Valor Econômico - Ranking 1000 maiores. Available at: https://especial.valor.com.br/valor1000/2020/ranking1000maiores

Van der Zwan, N. (2014). Making sense of financialization. Socio-economic review, 12(1), 99-129.

Voss, D. (2024). Sectors versus borders: interest group cleavages and struggles over corporate governance in the age of asset management. Socio-Economic Review, mwad072.

Em caso de aprovação do artigo para publicação, os direitos de copyright são cedidos pelo(s) autor(es) à Revista Brasileira de Gestão de Negócios – RBGN.

Nestes termos, é OBRIGATÓRIO que os autores enviem para RBGN o formulário de Cessão de Direitos Autorias devidamente preenchido e assinado. Conforme o modelo: [Direitosautorais]

As condições da Cessão de Direitos Autorais indicam que a Revista Brasileira de Gestão de Negócios – RBGN possui a título gratuito e em caráter definitivo os direitos autorais patrimoniais dos artigos por ela publicados. Não obstante a Cessão dos Direitos Autorais, a RBGN faculta aos autores o uso desses direitos sem restrições.

Os textos publicados na RBGN são de inteira responsabilidade de seus autores.

A revista adota o padrão de licença  CC-BY Creative Commons Attribution 4.0 permitindo redistribuição e reutilização dos artigos sob a condição de que a autoria seja devidamente creditada.