Impacto da dívida e dos impostos na persistência dos lucros das PMEs portuguesas
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Palavras-chave

PME
persistência de ganhos
dívida
imposto de renda

Como Citar

Pereira, C., Gomes, L., & Lima, A. (2023). Impacto da dívida e dos impostos na persistência dos lucros das PMEs portuguesas. RBGN - Revista Brasileira De Gestão De Negócios, 25(2). https://doi.org/10.7819/rbgn.v25i2.4222

Resumo

Objetivo – Analisamos como o peso da dívida e os impostos sobre a renda afetam a qualidade dos lucros das PMEs portuguesas, usando a persistência dos lucros como proxy da qualidade dos lucros. Mais especificamente, pretendemos descobrir se o alto endividamento dessas empresas causa um efeito fiscal maior do que o efeito da dívida.

Referencial teórico – Embora os bancos de crédito representem a principal fonte de financiamento das PMEs, elas tendem a reduzir seus lucros para evitar impostos. Entretanto, essa atividade pode ser onerosa para seu desenvolvimento, uma vez que as instituições bancárias exigem a persistência de lucros para reduzir o risco de inadimplência, de acordo com a teoria dos contratos.

Metodologia – Coletamos dados de 140 PMEs portuguesas durante o período de 2015 a 2021 para executar regressões de dados em painel.

Resultados – A dívida e a persistência de lucros estão negativamente relacionadas, de modo que essa relação tende a degradar a qualidade de lucros, o que é inconsistente com a captura da confiança dos bancos. Além disso, a dívida mantém o efeito negativo com o imposto de renda no modelo. Entretanto, nessa combinação, o imposto de renda torna-se significativo para explicar a influência negativa sobre a persistência de lucros, o que é consistente com a evasão fiscal. Por fim, controlamos o tamanho da empresa, que está positivamente associado à persistência de lucros. Em geral, considerando os determinantes de dívida, imposto de renda e tamanho, as PMEs portuguesas não têm lucros persistentes.

Contribuições – Nas PMEs portuguesas mais alavancadas, a dívida não é um mecanismo de governança para controlar as decisões dos gerentes, pois mais dívida reduz a persistência de lucros, o que significa que os gerentes não são sensíveis à captura da confiança dos credores. Além disso, o efeito fiscal é mais relevante do que o efeito da dívida para a persistência de lucros. Diante da rigidez da taxa de juros, os gerentes exploram a natureza discricionária das decisões fiscais.

Palavras-chave – PMEs; persistência de lucros; dívida; imposto de renda.

https://doi.org/10.7819/rbgn.v25i2.4222
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